Antônia Bezerra usa as folhas do cariru para criação do alimento em função do alto teor proteico que a espécie possui.
A estudante de nutrição Antônia Bezerra tem 76 anos e iniciou a vida acadêmica nos últimos anos. Mas a ligação com os alimentos vem desde a década de 1980, quando ela abriu uma casa de chá em Belém, no Pará, a qual trabalhou com dedicação por anos.
Junto aos estudos, Antônia também iniciou uma pesquisa voltada a produção de um suplemento proteico feito a partir de uma hortaliça tradicional da Amazônia, o cariru. A ideia de criar este alimento surgiu durante as aulas, quando foi despertada a vontade de criar uma startup voltada a este segmento.
“Tenho a minha filha como sócia e juntas decidimos que vamos atuar nesta área e a escolha do cariru se deu por ser uma espécie rica em nutrientes e com alto teor de proteína. Além disso, eu fui criada com o cariru fazendo parte da minha alimentação”, diz a estudante.
O desenvolvimento do suplemento proteico à base do cariru é orientado pelos professores Antônio Carlos e Anne Silva. Antônio foi quem incentivou e apresentou a estudante as questões referentes às startups. Já Anne, que possui experiência na área de Bromatologia, é a área responsável por estudar a composição dos alimentos. E de acordo com Anne, a Amazônia possui uma infinidade de possibilidades que podem ser exploradas para produção de alimentos ricos em proteínas e demais nutrientes fundamentais para o bom funcionamento do corpo.
“A região amazônica possui uma área de pesquisa bem grande e as propriedades das hortaliças e frutas, por exemplo, podem ser exploradas tanto para a produção de alimentos, quanto na indústria farmacêutica e cosmética. O trabalho feito pela Antônia é um dos pioneiros do Amapá e a ideia é que a partir dele possam surgir vários outros”, destaca a professora da Estácio.
Atualmente Antônia trabalha na produção da farinha de cariru, isso porque o Amapá não possui infraestrutura necessária para a entrega do produto final. Entretanto, a estudante mantém diálogo com laboratórios de Belém e São Paulo para que o material produzido por ela seja transformado em suplemento proteico. Assim que esta etapa for consolidada, os planos da estudante é comercializar o produto com foco em veganos, pessoas que possuem dificuldade em absorver proteína animal e, também, pacientes que passaram por cirurgia bariátrica.