Saúde

Cirurgia inédita capaz de reduzir crises epiléticas refratárias em até 70% é realizada em Hospital público do Amapá

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Foi a primeira vez que um hospital público fez esse tipo de cirurgia no estado. Ao todo, foram investidos R$ 180 mil.

O Governo do Amapá se tornou pioneiro na realização de cirurgia de implante de um Estimulador de Nervo Vago na rede pública de saúde do Estado. O procedimento médico foi feito na última quinta-feira, 9, no Hospital de Clínicas Dr. Alberto Lima (Hcal) e é voltado para pacientes epiléticos que sofrem com convulsões.

O procedimento contou com investimentos do Tesouro Estadual no valor de R$ 180 mil para aquisição do aparelho, mais a vinda de profissionais de Belém para a realização da cirurgia. Este é o segundo procedimento cirúrgico inédito realizado na rede pública estadual de saúde. Em março deste ano, o Estado também garantiu a realização da primeira cirurgia de neuroendoscopia, que atendeu uma criança de 6 meses de vida com hidrocefalia.

Foto: Aidano Fonseca/Divulgação

Os investimentos na modernização de equipamentos e mobilidade de profissionais garante mais dignidade para pacientes como David Freitas, de 25 anos, que recebeu o estimulador.

Diagnosticado desde os 8 anos com epilepsia refratária, onde há menos facilidade para controlar as convulsões, o jovem chegou a entrar na Justiça diversas vezes com a ajuda da mãe, Marinete Freitas, para tentar conseguir o amparo para a operação, que não faz parte do rol de procedimentos custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“No começo as crises eram leves, mas conforme o tempo foi passando, chegou a um ponto dele ter mais de 30 crises epiléticas por dia. Em janeiro de 2023, ele foi internado e desde então vive hospitalizado. O SUS não cobre o procedimento, mas nunca desistimos. Quando recebi a notícia de que o Governo do Amapá ia custear o procedimento aqui, me enchi de esperança. Estou na expectativa de que tudo dê certo para que a gente possa voltar a morar na nossa casa”, comemorou Marinete, emocionada.

Bons resultados 

Com o implante, espera-se que o paciente tenha uma redução na frequência das crises epilépticas e consiga ter mais qualidade de vida para sair das constantes internações, como explicou o neurocirurgião especialista em neurocirurgia funcional e tratamento cirúrgico das epilepsias, Francinaldo Gomes.

“O procedimento é indicado para pessoas que têm cefalopatia epiléptica grave e refratárias ao tratamento medicamentoso ou a vários medicamentos para a epilepsia. Se espera, como resultado da cirurgia, uma melhora em torno de 60% a 70% na frequência das crises epilépticas e também uma melhora na qualidade de vida através do nível de atenção, do humor e da colaboração do paciente” explicou Gomes.

Para os profissionais que atuam no estado, a integração entre avanços tecnológicos e investimentos significativos que buscam a melhora da qualidade de vida dos pacientes é o resultado de uma gestão comprometida.

“Foi a primeira vez no estado do Amapá que foi realizada essa cirurgia, então a gente está bem feliz de ter participado. É um avanço e estamos conseguindo isso no serviço público, com o auxílio do Governo, da Secretaria de Saúde. É muito importante para a população do nosso estado”, destaca o médico neurologista, Isaias Cabral, que atuou como auxiliar no procedimento.

Foto: Aidano Fonseca/Divulgação

Procedimento 

O Estimulador do Nervo Vago é a neuromodulação aprovada no tratamento das epilepsias que não respondem ao estímulo de medicações, atuando como uma das alternativas para proporcionar a redução das crises epilépticas.

O gerador funciona como um pequeno computador acoplado a um eletrodo, algo como um fio condutor, que é conectado ao nervo vago no pescoço. Esse eletrodo transmite estímulos elétricos ao nervo, que vão até o cérebro e assim modificam seu funcionamento, ajudando no controle das crises.

Este sistema fica implantado abaixo da pele e não é visível. Para seu implante são necessários dois pequenos cortes na altura do pescoço e abaixo da clavícula.

Com informações de Jamile Moreira

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